Histórias de comidas

Andrieli Pachú da Silva - 2º Arquivologia
A minha história sobre comida, não sobre uma receita secreta de família, ou um alimento ligado a uma data comemorativa, mas um tipo de comida que era do cotidiano da minha família quando morava no sítio, bem antes de eu ter nascido.
O franguinho caipira com polenta me recorda a casa da minha vó materna, que a muito tempo mora na cidade, minha vó Almerinda tem seu lugar marcado na mesa que é sempre na ponta perto da porta, onde sua mãe sentava quando morava com ela. O frango caipira era uma comida que sempre tinha no sítio, pois meus avós criavam galinha, pato, porco e tudo o que se tem direito num sítio, porém hoje é algo raro comer um frango caipira, já que agora os frangos de granja já vem morto, despenado, pronto pra consumir.
Quando minha vó faz frango caipira com polenta e um quiabinho da início a disputa pela frango, quem vai ficar com o pescoço e os pés, isso é engraçado, pois os adultos voltam ser crianças, um lembra ao outro quem comeu o que da ultima vez, e eu só fico olhando a cena, pensando qual é a graça de comer ou sugar o pescoçinho do coitado do frango que teve uma morte trágica, só de lembrar me veio o cheiro no nariz, de quando a vó vai despenar o coitado, mas depois de feito é tão gostoso, porém eu como mais polenta com o molho do frango do que o coitado do frango, que ninguém lembra mais de um dia ter visto ele ciscando no quintal.
Após o almoço os pratos viram um cemitério como diz minha mãe, cheio dos ossos do falecido frango, porém com ele, sempre vem alguma história de quando a família vivia no sítio, e me faz conhecer um pouco mais sobre o passado, durante um presente almoço de domingo.




   Denise Oliveira Barros - 2° ano- Arquivologia
Muitas pessoas gostam de macarronada,mas a macarronada da minha avó é espetacular!Pelo menos, para mim e para os meus familiares. Todos adoram ir à casa da minha avó e saborear sua deliciosa macarronada. Minha avó contou que foi a mãe dela, que lhe ensinou a cozinhar, inclusive a macarronada. Eu perguntei qual era o segredo , mas ela disse que não tem segredo, pois, ela coloca muito amor em tudo que faz, e cozinhar para ela é uma arte não é simplesmente por fazer, ela se dedica muito á cada prato que faz.
Minha avó só prepara a macarronada em dia de domingo, que é quando a família toda se reúne para almoçar e conversar.Espero que eu aprenda a cozinhar como ela e principalmente a fazer a macarronada, pois, eu sei que minha avó não vai estar comigo para sempre, mas cada vez que eu fizer essa receita vou lembrar dela, de como ela preparava aquele prato sempre sorrindo e feliz porque sua família inteira estaria ali para revê-la e elogiá-la. E é através desse prato que a memória da minha avó irá sobreviver, não só pra mim, mas para todos os meus familiares.



Júlia Lui Batista – Minha família materna é constituída basicamente de seis pessoas, somos descendentes de italianos, todos grandes e fortes. O natal em minha família é muito interessante, mas nós fazemos apenas o almoço, já que minha avó é evangélica, me lembro muito bem quando minha avó ainda era saudável e fazia um banquete incrível e juntava toda família, meu tio comprou um peru de 14 quilos e a grade do forno envergou, meu primo agarrou a coxa do peru que era enorme e a abocanhou segurando-a com as mãos, foi muito engraçado.
Lembro-me também dos fios de ovos que meu tio fazia e até hoje os faz, já virou tradição, toda família e até a família de sua namorada não dispensam os fios de ovos que ele faz.
No banquete de natal algumas comidas presentes eram, lombo com abacaxi e outras frutas, “chester” e fios de ovos, salada de frutas, peru, arroz com passas, salpicão e o que eu mel lembro é isso.


Valdecir - 2º Biblio – Nasci no seio de uma família de agricultores nordestinos, na qual o alimento fluía do trabalho na lavoura e a comida tinha horário e sabor. Lembro-me como se fosse hoje; o fogão à lenha, as panelas no fogo, a lata de dezoito litros de gordura que conservava as carnes fritas, as outras latas menores em cima do pequeno armário que guardava os mantimentos e a sacola de pão que ficava pendurada num prego atrás da porta. Tinha ainda a imagem mais encantadora para mim; a chaleira d’agua e o bule de esmalte em cima do fogão com o café sendo coado.
Todo este cenário acontecia na casa de minha avó materna Manoela que eu amava muito; meus pais sempre moraram junto com meus avós, nas fazendas onde eles trabalhavam.
Meus avós conseguiram comprar uma chácara e, depois com o peso da idade se mudaram para a cidade. Das fazendas não me lembro, apenas da chácara onde brincava bastante e mexia com o macaco Chico do vizinho.
Meus pais se mudaram para a Capital (SP) ante de meus avós. Trabalhava para alimentar a família e pagar o aluguel da casa; minha mãe cuidava de nós que no início éramos apenas dois; mas com o tempo nos tornamos três, quatro, cinco; a conta fechou em oito. Minha cozinhava e ainda cozinha com maestria; digo isso, porque todos que saboreavam sua comida teciam os mais belos elogios; e ela até hoje diz; “cozinho por amor; meu maior prazer é fazer comida para as pessoas”.
Diferente de muitos nordestinos, meus pais não vieram para cidade morar na favela, digo comunidade. Meu pai de imediato começou a trabalhar e minha mãe lavava roupa para fora. Logo nos colocou na escola e as coisas se encaixaram.
Alguns pares de anos se passaram, e eu já contava com mais ou menos uns 12 anos. Minha mãe era analfabeta e, por influência de uma irmã se interessou em ingressar no MOBRAL da época para aprender escrever, nem que fosse só o seu nome. Tudo estava preparado para este concurso. Mas, nesta época, eu estava estudando a quinta série do ginásio no período noturno, e precisava jantar às 18 horas. Então, minha mãe questionou: “Quem vai fazer a janta para ele? Não vou estudar não”. Desde então foi uma luta árdua para convencê-la. É aí, que a comida entra de uma forma prática na minha vida. Convenci minha mãe a não desistir. Eu aprenderia a lidar com a comida com os ensinamentos dela. No começo ala achou tudo estranho; mas, depois, acostumou. Com o tempo fui aprendendo alguns segredos.
Meu pai (já falecido) nesta época era açougueiro; comíamos carne todos os dias; de todos os tipos e modos; isso não era problema para uma família de nordestinos. Minha mãe sempre preparava bolinho de polvilho, cuzcuz, polenta, curau, refogados de todos os tipos de legumes, saladas, sopas, etc. Fazia ainda bolos e tortas; pois isso era comum quando moravam no sítio.
Enfim, minha mãe diplomou no MOBRAL; aprendeu a escrever, tirou R.G. e assinou seu nome em vez de fazer digital. Isso a deixou mais feliz, e eu continuei estudando.
Aprendi a cozinhar o suficiente para enfrentar eventualidades. Como logo comecei a trabalhar, não pude me dedicar mais; o que aconteceu somente mais tarde com o casamento.
Hoje, aprendi um pouco mais, tenho meu fogão à lenha nos fundos da casa, onde estou construindo uma cozinha caipira bastante aconchegante. Mesmo sem esta pronta, preparo saborosas comidas, pois adoro cozinhar como minha mãe.


Lidyane Lima – Descrição de um fato verídico
No ensino fundamental, mais precisamente na 3° série, era comum na escola na qual estudava o oferecimento de cachorro-quente no cardápio.
Era uma alegria para toda turma, esperávamos a chegada da sexta feira para devorar o suculento cachorro - quente que Luciana e companhia (as merendeiras) preparavam. Foi em uma dessas sextas- feiras que comi o tal cachorro- quente, não tinha sentido nenhuma diferença no sabor, para mim estava delicioso como de costume.
Mas, infelizmente, algumas horas depois comecei a passar mal, muito mal, deixo pra vocês imaginarem meus sintomas gástricos.Acabei parando no hospital, e o diagnóstico:Intoxicação Alimentar e adivinha do quê? Do maldito cachorro- quente.
Minha querida mãe, logo tratou de entrar em contato com a direção da escola que prontamente se responsabilizou pelo acontecido, e como medida retirou o cachorro quente do cardápio semanal. Moro em uma cidade pequena e rapidamente todos ficaram sabendo do que havia ocorrido. Conclusão: alguns dos meus colegas simplesmente queriam me matar, percebia os olhares raivosos e famintos deles direcionados à minha pessoa, eu, no entanto me divertia com a situação, chegava a ser cômico, além do mais estava muito mais preocupada em como comeria cachorro- quente escondido da minha mãe.
Bem pessoal essa é minha historinha com a comida... Espero que tenham gostado!


Juliano Benedito Ferreira 2° Biblioteconomia – História de comida
Quando eu era criança minha alimentação não era nada saudável, minha mãe nunca gostou de cozinhar então eu fui criado com bolachas, doces, salgados, pela manhã antes de ir para a escola costumava tomar, em vez de um copo de leite, um copo de coca-cola, só aprendi a me alimentar melhor depois que passei a morar sozinho, pois percebi que com o dinheiro que compro uma garrafa de refrigerante e um pacote de bolacha consigo comprar frutas e verduras para a semana toda.


Flávia M. Maciel 2º ano de Biblioteconomia – Comida e eu
Demorei mais de uma semana para lembrar uma única história de minha relação com a comida. Durante sete dias nada vinha a minha mente que pudesse valer a pena de ser contado. Quando finalmente percebi ter algo a contar, descobri que minha curta vida até aqui é recheada de histórias sobre comida, que me fazem relembrar dos bons e deliciosos 18 anos que morei na fazenda.
Lembro de minha avó paterna matando frango caipira sábado à tarde – tudo bem que este detalhe preferiria ter esquecido inclusive o cheiro nada agradável que ficava sobre a mesa depois da retira das penas – e preparando-o no domingo de manhã, de uma maneira que o resultado final ficava delicioso. O processo de cozimento do animal envolvia requisitos especiais: um bom fogão a lenha todo vermelho, a panela de ferro toda preta, o frango em pedaços, alguns temperos colhidos na horta, coloral totalmente caseiro, ingredientes básicos para um bom frango a moda de minha avó.
Essa é só uma das muitas histórias de minha relação com comida. É provável que minha vida na zona rural tenha proporcionado momentos muitos deliciosos no pecado da gula e também o contrário é claro, mas por algum motivo estes são mais difíceis de lembrar.
Poderia escrever algumas páginas sobre histórias culinárias, como o preparo de doces caseiros por meu avô paterno, já falecido, para consumo da família - por sinal, tenho a impressão de que meu pai está tentando seguir o mesmo caminho -, a polenta de minha avó paterna e outras, onde todas fazem-me lembrar o quão é bom morar no campo.


Victor Hugo Braga Sampaio 2ano Arquivologia – Relatos de historias sobre comida
Me recordo das confraternizações familiares na infância.Algumas vezes eram feitas em casa mesmo,no "fogão a lenha" meu pai preparava uma deliciosa feijoada para todos familiares,outras vezes ele fazia churrasco acompanhado com "chimarrão".
Mas também lembro-me das festas natalinas e do Reveillon,onde todos nos reuníamos no casarão da minha avó materna D.Carmem era certeza de uma grande festa.
Com brincadeiras,danças o dia todo,bebidas e comidas como:lasanha,raviolli, capeletti e varias tortas e manjares.
Apesar de não ser como antigamente,ainda fazemos nossas reuniões familiares em casa.Tentando resgatar o passado com o número menor de pessoas,com aquele churrasquinho e a eterna discussão futebolística.


Aline Scola – História de Comida.
Receita – Minestra
Um pouco de feijão cozido, temperado a gosto, junte batata doce picada, folhas de repolho, couve picada, deixe ferver bem.
Após cozido acrescente um pouco de arroz amanhecido ou cru, deixando cozinhar. Acrescente sal e pimenta a gosto.
Essa receita, é uma receita preparada por minha avó paterna, foi muito preparada por ela, em época difícil em que viveu junto com meu avô. Minha avó conta que chegou enjoar de comer e fazer minestra, meu pai e minha tia mais velha também falam que não agüentavam mais ver e nem sentir o cheiro de minestra de tanto que comeram.
A receita falada pela minha avó tem uma comparação com a receita escrita pela senhora judia, há “ausência de precisão na quantidade dos ingredientes” (AMON / MENASCHE p.16), (um pouco de feijão, tempero a gosto, batata picada, folhas de repolho...), que conferem a essa receita simplicidade no falar.
O modo que minha avó transmitiu a receita revela a falta de preocupação em dar detalhes nas quantidades aos ingredientes, a quem a pergunte, isso ocorre devido naquele tempo vivido por ela, não haver preocupação de transmitir essas informações, pois as pessoas faziam com os ingredientes e quantidades que tinham em suas casas. Ou seja, no caso dos legumes as pessoas iriam colocar o que encontravam em sua horta, o arroz e feijão colocava-se a quantidade menor possível e acrescentava um pouco de água para aumentar. Devido a isso não se encontra a preocupação de transmitir as quantidades dos ingredientes.
Quando as autoras citam “A relação que se estabelece aqui entre comida e memória está fundamentada na idéia de que a comida tem uma dimensão comunicativa", no caso a relação de comida e memória transmitida pela receita encontra-se em uma memória de sofrimento, de vontades, de economia. Época essa vivida pela família de minha de avó e por tantas outras famílias que também viveram o mesmo.
Assim fica expresso, que a comida realmente nos transmiti mensagens vividas e experimentadas por certas comunidades em certos momentos.

Mirele Victoriano – História de comida
No texto Comida e identidade cultural: patrimônio imaterial em Jaboatão, o trecho “as cozinhas marcavam profundamente pelos cheiros fresquinhos vindos das panelas” me fez lembrar uma história que minha avó me contou, já tem algum tempo, que antigamente, quando eles (minha avó e meu avô) ainda moravam na fazenda, com os oito filhos pequenos, minha avó fazia carne seca acebolada. Ela conta, que o cheiro que exalava era tão bom que, os vizinhos lá da fazenda iam até a casa para pedir um pouco, e ela sabendo disso, sempre fazia um pouco mais para poder dividir.


Vera Guim 2ºBiblioteconomia – A minha família que é extremamente numerosa, só se reúne completamente uma ou duas vezes por anos, no dia das mães e no natal. A comida sempre foi farta, no meu ponto de vista, entretanto a minha mãe, meus tios e minha avó falavam que nem sempre foi assim, que eles já sofreram imensas dificuldades e uma enorme carência, esta é a razão de o desperdício se considerado um absurdo dentro da minha família.
O arroz e feijão feitos no forno à lenha, o pão caseiro, a clássica polenta com frango caipira, Mas a comida, na verdade sobremesa, que mais recebia pedidos e era e ainda é o doce mais popular dentro da minha família é a Maria-mole feita pela minha mãe. É o doce preferido dos meus tios, primos, e também o da minha avó. Tanto que todas as vezes que se encontram é pedido geral.
Eu não posso dizer que há algo de muito especial ou diferente, em relação aos ingredientes ou preparo da Maria-mole, diz a minha mãe que o segredo da receita é o carinho com o qual ela faz e que segundo todos é a sua, e também nossa marca registrada.


João Victor P. Menegon 2º ano de biblioteconomia – Meu avó, tinha um pomar e horta no fundo de sua casa, onde eram cultivadas uvas, bananas, laranjas, goiabas, cheiro verdes, minha família aos domingos às vezes ia almoçar lá, onde acabava passando toda a tarde também.
Havia uma fruta em especial, que a grande maioria que estava na casa de meu avó adorava,ela se chama Abiu, fruta de casca amarela, com o seu interior gelatinoso, transparente e um ponto esbranquisado, com um caroço preto no centro da fruta.
Como a árvore que floresce este fruto é bem grande, as pessoas ao redor da árvore ficavam com varas de bambu, pedaços leves de madeira, tentando derrubar o fruto tão almejado.
Quando conseguiam colocavam em baldes e levavam até um tanque que ficava na parte externa da casa, e lá o Abiu era lavado e consumido com muita satisfação, juntamente com diversas outras frutas, mas a minha predileta sempre foi o Abiu.

Winnie Kerbauy Veloso – 2ºano de Arquivologia – História da Comida
Na minha infância eu estudava de manhã e na escola sempre serviam merenda, e eu e meus dois irmãos estudávamos na mesma escola e sempre comíamos juntos e o dia que nós mais gostávamos era o dia do arroz vermelho. Me lembro que sempre que nós chegávamos da escola minha mãe perguntava o que nós havíamos comido e sempre que nós dizíamos arroz vermelho ela ficava intrigada dizendo que não existia arroz vermelho, e teve um dia em que ela foi buscar agente na escola e perguntou para a professora como que era esse arroz vermelho que nós gostávamos tanto, aí que ela foi descobrir que o nosso arroz vermelho era o arroz conhecido como arroz à grega.



Fernanda Mohr – De todas as comidas que gosto, e que não são poucas, uma me chama mais atenção, pois ela eu aprendi com minha avó, um gosto de tradição que passou de bisavó para avó e para neta.
Na Espanha se faz uma comida chamada miga, ela é feita de alho, água, fubá, trigo e tempero e minha bisavó fazia muito dessa comida para a minha avó, portanto é muito antiga e de todos os irmão minha avó foi a única que aprendeu.
Minha avó sempre fez essa comida para a família e eles adoravam, até hoje, principalmente meu pai. Então toda a semana ele separava os ingredientes e pedia para que eu fosse na minha avó para que ela pudesse fazer.
Eu sempre ficava ao lado dela vendo fazer esse alimento e foi assim que de tantas vezes ver ela fazer que eu aprendi.
Um dia resolvi fazer em casa, igualzinho a da minha avó, fiz um monte e levei um pouco para que ela experimentasse, ela disse que ficou melhor que a dela, mas acho que ela falou isso para me agradar, pois comida de avó é a melhor.
De todos da família, exceto minha avó, eu fui a única que aprendi, acho que é por que adoro fazer travessuras na cozinha principalmente com a comida.


Thayane Cobacho – Comidas da Vovó
Minha familia adora come de tudo um pouco, e minha avó materna fazia uma sopa com o caldo grosso deliciosa, um bife muito saboroso e uma macarronada maravilhosa, só que infelizmente nenhum de seus filhos consegue fazer. Eles tentam, algumas vezes até fica parecido, mas nada comparado com o sabor da comida de minha avó. Toda vez que fazemos algumas dessas comidas lembramos-nos dela, mas a macarronada é a mais especial de todas, pois nos lembramos daqueles almoços de domingo inesquecíveis, onde ligamos ou associamos à macarronada a imagem da minha querida avó. Bons tempos aqueles.

Lucas Caritá – Chamou minha atenção um detalhe no texto “Comida e identidade cultural: patrimônio imaterial em Jaboatão” no momento que aparece uma citação de Raul Lody que diz que a comida traduz povos, nações, civilizações, grupos étnicos, comunidades, famílias e pessoas. Quando ele relata que a comida traduz famílias e pessoas, me lembro de duas passagens, que hoje só podem ficar na “memória”. A primeira, era com minha avó paterna, me lembro de uma receita dela, ela um bolinho, de mandioca que era recheado com carne moída. Lembro que pra fazer, era preciso moer pedaços de mandioca. Em alguma vez que almocei na casa da minha vó, para fazer este, ela pediu para que eu ficasse manuseando o moedor, e assim que fiquei moendo a mandioca para ela fazer o bolinho, me senti bem, talvez porque me senti útil, ou talvez por ser criança e achar que ajudar minha vó na cozinha era algo muito importante e que deixava feliz. E depois daquele dia, sempre que ela fazia esta receita, eu fazia questão de ficar moendo a mandioca.
Outro momento foi com minha vó materna, ela fazia pães caseiros. Lembro dela pedindo ajuda para girar uma manivela da máquina de fazer pães dela, que ao girar, deixava a massa do pão fina, para depois ser levado ao forno. Nesse caso, eu dava pouca importância para o pão, mas sim, gostava de ajudar naquele momento, enquanto ela utilizava a máquina.
Infelizmente, minhas avós não estão mais vivas, mas lembro desses momentos, e passei a lembrar ainda mais fazendo este trabalho, eram simples episódios onde eu ajudava na preparação de receitas, e hoje, sinto falta desses momentos de estar com minhas vós, e também existe a lembrança das comidas, que hoje estão presentes somente na memória.


Aline Ribeiro de Farias – Arquivologia – As visitas a casa de minha avó são raras. Meus pais não gostam de sair de casa, esse hábito é uma exceção quando se trata de mim.
A essas raras e curtas visitas, existe um prazer enorme, não só em rever minha avó e meus parentes, mas em comer um típico spáguetti italiano com um frango tipicamente brasileiro, mistura deliciosa.
Essa macarronada é preparada com um jeito especial, onde a coisa mais engraçada é ver minha avó abrindo a massa, cheia de farinha pra não grudar, em uma garrafa de tubaína, a mesma desde os tempos de adolescente. Quando tudo fica pronto a ansiedade é tanta que acaba se transformando em gula depois de 3 cheios.
As visitas demoram a acontecer, mas quando vamos visitá-la ela diz: é pra já, to indo pro mercado.


Ana Paula Grisoto – A comida assume outros valores, não somente o de subsistência, que é uma pratica necessária para a nossa sobrevivência, mas valores sociais, étnicos, culturais, econômicos e nostálgicos. Esses são alguns valores agregados à comida.
Para algumas pessoas ou comunidades, o sabor e a comida propriamente dita de suas localidades de origem dizem muito de seus passados e do que cada qual significa para si. Sejam pessoas migrantes ou imigrantes, é o gosto da comida que faz com que se lembre de seu país ou estado.
Muitas pessoas como no texto: A comida dos favelados, não tem o mínimo necessário para a sua subsistência e comem de forma completamente errada, prejudicando a saúde, pois trocam alimentos saudáveis por alimentos industrializados, que são mais baratos e condizentes com a realidade em que vivem. As pessoas que possuem condições um pouco melhores, cozinha algumas especiarias de seus estados de origem, para talvez não matar somente a fome, mas a saudade das pessoas e lugares que deixaram para trás em busca de melhores condições de vida, numa caminhada frustrante e ilusória.
A falta de alimento não deteriora somente a saúde, mas também a estrutura familiar (na maioria das vezes ausentes) que as refeições proporcionam no dia-a-dia, o sentar à mesa e o fortalecimento das relações que esse simples ritual representa e constrói.
Lugares ou restaurantes como o bar do Pedrito’s, do texto: Comida e identidade cultural: patrimônio imaterial em Jaboatão, nos mostram e confirmam a necessidade que as pessoas sentem em se comunicar com o passado, através do paladar. Um lugar sem qualquer estrutura ou luxo adequado, que muitas vezes as pessoas que o freqüentam estão acostumadas a ter eu outros lugares, se deliciam com as comidas oferecidas, que os remetem ao passado, que se perdeu no tempo ou na correria do dia-a-dia ou talvez para poder sentir o gosto da comida da infância que nunca puderam sentir, por que no lugar da suculenta comida havia somente arroz e alho para ser degustado.
No texto: A comida como narrativa da memória social, a busca, diria até desesperada pelas receitas das comidas de seus antepassados, nos proporciona a visão de que a comida está muito mais fortemente ligada com a tradição e com os fortalecimentos entre as relações sociais, culturais, do que a religião, pois o quem marca as raízes judia, para a neta de Miriam, não é a religião e sim as comidas típicas que ela não quer deixar que se percam no tempo.
Os almoços de domingo na casa da avó, sempre serão lembrados, pelo gosto nostálgico que seu simples macarrão ( que jamais comeremos novamente) que habita nossa memória remete-nos, a união da família, que foi extinta assim que o elo dessa união, minha avó e seu macarrão, deixaram de fazer parte de nossas vidas. Mostrando mais uma vez o papel fundamental da comida nas relações sociais, culturais e etc.
Sempre acreditei que fossemos o que lemos e talvez seja verdade em partes, mas percebi que a comida e a forma como comemos nos revela muito mais, revela desde as nossas raízes, o que somos e sempre seremos.


Larissa Machado- 2º Arquivo – A minha história envolvendo comida é básica, pois todo domingo nos reuníamos na casa da minha avó para comermos um frango de panela que ela preparava, era sempre delicioso, as crianças ficavam e uma mesa e os adultos em outra e era sempre muito divertido. Porém o ano passado minha avó precisou operar a perna e ela não pode mais cozinhar, nem aquele maravilhoso frango que fazia todos rasparem até a panela, mas mesmo assim nos domingos os filhos compram frango assado e levam para casa dela e a gente se reúne assim.



Vanessa da Cunha 2°Arquivologia – Quando eu tinha 12 ou 13 anos,lembro que minha mãe ganhou da minha bisavó uma colcha de retalhos,muito bonita,com panos diferentes,coloridos,tecidos que hoje em dia nem deve existir mais.Toda vez que essa colcha é usada,relembramos da minha bisavó que já faleceu e também de algumas histórias que minha mãe conta sobre alguns tecidos que estão costurados na colcha.
São lembranças boas,que traz saudades, sei que essa saudade é mais da minha mãe do que minha, mas é um tipo de lembrança que também quero guardar e relembrar sempre.



Daniela Cristina da Silva - Arquivologia - Costumes de Família
Um costume alimentar que minha família adquiriu ao passar do tempo são os churrascos feitos todos dias dos pais e das mães.
A família se reúne na casa dos meus avós, e celebram esses dias com carne, e as comidas típicas de um churrasco, como por exemplo, a maionese, o arroz branco, a salada e depois, a sobremesa, que é composta por doces variados.
São mais de 30 membros da família reunidos, tanto do lado materno, quanto paterno, esse costume já realiza a mais de 20 anos.



Lucinéia da Silva Batista - Arquivologia - Bolinhos de Chuva da Vovó
No meu caso são os da minha mãe, não tive o privilégio de conhecer minhas avós.
A comida preferida da minha infância é os bolinhos de chuva da minha mãe. Não sei, mas traz recordações da comida caseira, e quando morávamos no sítio.Dos finais de semana,pois meus irmão iam para nossa casa, íamos tomar banho na represa e quando voltávamos com aquela fome, minha mãe com aquele prazer fazia bolinhos-de-chuva e café. Era muito bom.
De todas as variedades de comida, os bolinhos de chuva e principalmente o café ainda atrai os meus parentes. Mesmo nas rápidas visitas!
Espero que tenham gostado, pois é algo simples que não damos a devida importância, mas que forma um laço afetivo, emocional.



Mariana Simões - Arquivologia - Perfume de Canela
Não há como lembrar minha infância sem recordar-me da casa de meus avós,
logo, esta recordação se torna doce recordação
ganhando cheiro e sabor.
Como não lembrar das datas comemorativas
onde a casa de meus avós se enchia de parentes,
eram filhos, netos e bisnetos, era uma festa.
Mas o sabor..., este quem tinha o mais perfeito dom
era a Dona Bela,
aquem depositava horas e horas na preparação de
pães, quitutes e sobremesas
ah...que bons tempos, aquela macarronada perfeita
com perfume de canela ...somente ela.
Não há semelhança nem no cheiro nem no sabor
ficou para traz guardado na lembrança.
Hoje, mesmo não tendo mais
a doce e bela Dona Bela
a casa da vó nunca deixou de existir,
o sabor não é mais o mesmo,
mais ainda sinto
o perfume de sua macarronada...
ah ..Dona Bela
quanta falta nos faz ela.



Daniele Ianni - Arquivologia - Durante muitos anos a ceia de natal foi na casa de minha avó paterna, todos os cinco filhos, cinco enteados e mais dez netos se reuniam para esperar os presentes e unir a família na mesa farta, onde cada filho trazia um prato de comida diferente, todo enfeitado.
Mas o prato mais esperado, era o de mamãe, um strogonoff feito com muito catchup, um tempero forte, refogado com muito alho e cebola picadinha, com pedaços de carne pequenos, aquela carne macia que derrete na boca e sem contar os cogumelos, somente mamãe sabe fazer a delícia de seu strogonoff.
A tia Má, como chamamos tia Marisa, prepara os doces, manjar de coco, foundie de chocolate e morango e as latas de pêssego. Tem também a tia Sueli que leva o peru de natal, as coca-cola do tio Eduardo e a macarronada toda enfeitada com alface do tio Ricardo.
Mas no ano de 2005, vó Neusa faleceu devido a uma Leucemia Aguda, desde então os natais vem sendo comemorado na casa de minha tia ou em minha casa, a família não se reuni toda devido a algumas briguinhas entre irmãos, o natal ja não é tão unido, tão festivo. Mesmo assim as comidas continuam sendo as mesmas, dona Rita não deixou de fazer seu delicioso strogonoff, mas as vezes faz falta o macarrão do tio Ricardo ou os refrigerantes do tio Eduardo.



Lígia Pieroni - Arquivologia - Toda véspera de Natal vou à cidade em que meus avós maternos moram. A família se encontra. Comemos receitas feitas somente essa vez no ano, esperadas por todos. Quando os filhos e netos chegam vão direto para a cozinha verificar o que está pronto. A mais apreciada é o cuzcuz, todas as mulheres da família ajudam no preparo.
Recordo-me especialmente de uma dessas noites. Todas as comidas estavam em cima do fogão, esperávamos o horário da ceia. Por volta das nove da noite escutamos um barulho e fomos à cozinha. Quando chegamos o fogão, que era embutido, havia desabado e as comidas foram para o chão, inclusive a esperado cuzcuz. Minha avó fez as pressas uma macarronada. Esse foi o melhor Natal, o fato ocorrido uniu a família.



Janaina - Quando se fala em comida e sobre os alimentos muitos aspectos são abordados, mas e quando há a falta dela? Pois o caminho contrário também existe; e é mais triste; com conseqüências físicas, materiais e psicológicas. A história que eu vou contar é muito marcante para mim, pois aconteceu durante a minha infância.
Quando pequena morávamos num bairro muito pobre, em um cortiço com muitas casas, ao lado de um terreno abandonado, e passávamos todas as necessidades de uma família pobre quase miserável, uma das maiores privações que passamos foi a da falta de comida. Em casa, com todos os problemas que a falta de comida carrega consigo, fez desencadear estados emocionais muito ruins em todos nós que éramos atingidos por essa dor.
Não tínhamos nada, nem comida, minha mãe trabalhava de manicure e naquela época fazer unha era um luxo pra poucas mulheres, o dinheiro era contado pra se comprar arroz e de vez em quando se ter o luxo de comer alguma mistura, que normalmente era ovo ou o resto do resto das “misturinhas” (carnes que já estão em um estado inadequado para serem comercializadas) vendidas no açougue. Meu pai vivia constantemente internado, pois tem problemas psiquiátricos, então a maior parte do dinheiro ia pra pagar a condução do dia de visita, pois os hospitais eram muito longe. E ás vezes levar uma coisa que não fosse tão ruim como a comida servida no hospital e cigarro.
Lembro de minha mãe sempre falar que não podia fazer nada, pois não tínhamos dinheiro pra comprar um pão, uma bolacha, um café. Durante as festinhas da escola sempre passei muita vontade de comer os doces das festas juninas, e das outras festinhas que sempre tinha algo gostoso pra ser comprado, mas somente para alguns. A escola também era o ponto principal de refúgio, pois a única refeição que eu fazia era lá, lanchava todos os dias e sabia que em casa não teria nada pra comer, então comia bastante e repetia, pra poder ficar bem sustentada.
Tinha a mania de sempre abrir a geladeira de casa quando chegava da rua, com a doce ilusão de que haveria algo pra comer, mas não, ela tinha apenas um potinho de sal que me lembro até hoje. Minha mãe é uma guerreira, pois sempre tentou amenizar essa nossa dor e nunca admitiu que fizéssemos nada de errado pra tentar conseguir comida pra gente, ela sempre falava: “Se tem, tem, se não tem, vai fazer o quê? Roubar, aí esqueça que sou sua mãe, porque eu não crio filho vagabundo, não! Pode chorar, reclamar, e olha, ainda agradeça á Deus por esse pouco, porque tem gente por aí pior do que agente, meus filho”. Fomos criados eu e meu irmão na base no “não”, não dava pra comprar a bala da casa de doces, nem danoninho, nem refrigerante, nem nada que fizesse parte do universo de uma criança comum que adora comer “porcarias”.
Com essas palavras, e sem ser agressiva, eu fui educada e minha mãe nunca precisou dar nenhuma palmada em mim e no meu irmão. Hoje eu vejo a importância das pequenas coisas da vida e dou muito valor pra todas as coisas que consigo.
Não fui acostumada a fazer refeições durante o dia, não tomava café da manhã, não tinha lanche da tarde, comíamos quando conseguíamos comida pra se alimentar. Nunca tive nenhuma mesa farta, e fazer compra do mês acho que era uma vez ao ano, não tinha Peru ou o Chester da Sadia no Natal e Ano Novo de casa, alíás nem ceia tinha, só nos vizinhos do bairro, que sempre chamavam agente pra ir comer lá, e de coração, não de favor.
As privações de muitos tipos de comida sempre fizeram parte da minha realidade, e com isso eu não consegui desenvolver um paladar pra alimentos muito fortes e saborosos, aqueles do tipo M’c Donalds. Também consigo ficar por um longo período sem me alimentar, pois acho que o meu organismo se acostumou com isso.
As alternativas para combater essa realidade foram aparecendo, e minha mãe, pedia a sobra de comida de um restaurante lá perto de casa, o dono gentilmente todos os dias separava o que restava do almoço e agente ia lá toda à tarde pra buscar a comida. Mas tinham vezes que não sobrava nada, e daí não podíamos fazer nada também, e nem o moço do restaurante. Durante um tempo conseguiu na escola que eu estudava o resto da merenda do dia, porém nem sempre sobrava comida.
Minha mãe mais uma vez dizia que agente tinha que agradecer, porque tínhamos conseguido aquela sobra de comida, e que tinham pessoas que naquela mesma hora estavam passando mais fome do que nós. A partir daí começamos a melhorar um pouco, mas quando não tinha essas duas alternativas ela ia lá no terreno abandonado do lado de casa e cavava o chão para achar batatas, e o pior é que ela achava um monte de batatas que ficavam escondidas nas profundezas daquele chão sujo, cheio de entulho, de lixo que todos jogavam lá. Aí ela fritava e era a maior alegria comer aquelas batatas “caçadas pela mamãe”.
Naquele cortiço e naquele terreno tinha de tudo, era ponto de tráfico de drogas, os traficantes escondiam as drogas no teto do quartinho que morávamos, a polícia invadia a nossa casa, também tinham seringas usadas cheias de sangue, latinhas furadas, preservativos usados, até crianças enterradas que as vizinhas faziam aborto e enterravam lá, drogas de todos os tipos (os tijolos de maconha, as pedrinhas de crack, os pacotinhos de cocaína, rachiche, os cachimbos, garrafas pet com cola, saquinho de querosene; e eu e meu irmão brincávamos no meio de tudo isso sem nem entender o que era tudo aquilo) enfim só o quê não presta. E sobreviver no meio de tantos problemas era a coisa mais horrível do mundo, posso dizer que superar a escassez de alimento dentro de casa tinha essa mesma proporção. Porque junto com a fome vêm as dores físicas do seu estômago, e a dor dos seus sentimentos também, que pioram quando se trata do universo de uma criança.
Minha mãe nunca aceitou a ajuda “dos cara”, pois eles sempre perguntavam se agente estava precisando de alguma coisa dentro de casa, ela dizia que não, e eu e meu irmão com cara de “sim”. Sempre falava que por mais pobre que agente fosse não precisávamos seguir o caminho errado pra conseguir as coisas na vida. Eu e meu irmão sempre tivemos a oportunidade de seguir pelo lado errado, que estava ali, batendo na nossa porta todo dia, e se o fizéssemos seria simplesmente pra por comida dentro de casa. Muitos dos nossos amigos que cresceram com agente não tiveram a mesma sorte e entraram “pro mundão”, por inúmeras necessidades provocadas pela condição em que vivem, com toda certeza uma delas é a fome de dentro de casa. È ver a sua mãe todo dia se matar de procurar emprego e não encontar, é ver seus irmãos menores ou seu filho, não ter um copo de leite pra beber; é levantar de manhã com o estômago doendo de fome (como eu e muitos por aí) e não ter nada pra comer, e ainda sair pra rua sem destino pra tentar achar uma solução, tendo que fingir que nada está acontecendo e que você é a pessoa mais feliz do mundo.
Comecei a freqüentar um Centro Educacional e Esportivo da Prefeitura que tinha lá perto de casa, pra tentar esquecer um pouco dos problemas da vida, ficar longe da “boca de fumo” enquanto a mãe trabalhava, (pois eu e meu irmão fomos criados praticamente sozinhos, a mãe não tinha tempo nem de levar agente pra escola ou apenas comparecer nas reuniões de pais, nem nunca olhou nossos cadernos pra saber se realmente agente tinha ido pra escola durante a sua ausência, ela sempre estava trabalhando, ou melhor, procurando emprego. E meu pai sempre internado ou se recuperando de sua última internação.) mas o motivo maior com certeza foi porque depois das atividades se ganhava um lanchinho.
Então pratiquei Ginástica Olímpica por muitos anos, e depois Judô com meu irmão, ganhei muitas medalhas, participei de vários campeonatos (inclusive sou machucada e tenho algumas lesões pelo excesso de treino), meu irmão treina até hoje, já está na faixa marrom, estudando pra ir pra preta. Aquele lugar foi e ainda é muito especial pra nós, pois era o único momento da nossa infância que não passávamos privação, que tínhamos professores não apenas pra treinar agente para o esporte, mas também pra vida. As palavras que ouvíamos eram revigorantes e nunca esqueço delas.
As necessidades provocadas pela falta de comida também abriram essas portas que podem ser consideradas boas pra mim, pois foi através de muitos ensinamentos que tive nesses dois esportes que ganhei disciplina pra superar muita coisa na minha vida desde pequena, não desistir de estudar devido a minha condição social, e depois de longos três anos de cursinho passar no vestibular e hoje poder estar estudando em uma Universidade Pública.
Também criar um laço de amor muito grande com meu irmão, pois superamos essas dificuldades sempre juntos, quando ganhávamos algum doce na rua sempre levávamos um pedacinho pra casa pra dividir com o outro, pois sabíamos das nossas vontades, e que a mãe não podia comprar. Quando na escola distribuíam bolinhos, achocolatados de caixinha, sempre tentava repetir pra levar pro Leco e ele também. Daí era a maior alegria poder sentir aquele sabor de “coisas gostosas”. Ele com certeza foi o pai que eu não tive devido às circunstâncias, mas amo meu pai na mesma proporção!
Muitas outras dificuldades vieram junto com a imensa falta de comida que sempre esteve presente dentro da minha casa, e hoje depois de muito sofrer, a nossa condição melhorou muito, pois minha mãe é aposentada com um salário mínimo, meu pai também, meu irmão trabalha e eu estou tendo a oportunidade de estudar. Essa fase de escassez dentro de casa já passou, e apesar de muitas coisas ruins terem acontecido, pela privação de comida aprendemos muitas lições que valem pra vida inteira.
È revoltante saber que enquanto fazemos nossas refeições, milhares de pessoas ao mesmo tempo morrem de fome; e ainda hoje em pleno ano de 2010 com toda a produção de alimento mundial, é privilégio de poucos poder ter em casa um pote cheio de bolachas, uma fruta na geladeira ou uma refeição completa a ser feita todos os dias em sua mesa.



Lilian Aniceto - Arquivologia - Os alhos de Páscoa
Durante a minha infância, eu morei em São Vicente. Toda Páscoa, eu ganhava um ovo de chocolate da Barbie com a casca coberta de granulado cor de rosa e confeitos de coração. Na verdade, eu não ligava muito para o chocolate; estava mais interessada no brinde que vinha dentro.
Um ano em particular ficou marcado em minha memória. Meus pais haviam recebido várias caixas de alho e precisavam descascá-las. Então, no domingo de Páscoa, eu e minha família, em esforço coletivo, pegamos faquinhas de cozinha e descascamos os alhos, cabeça por cabeça, e quando terminamos, comemos os chocolates.
Aquele momento sempre estará em meu coração, pois não eram simplesmente quatro pessoas descascando alho, era a minha família em uma atividades em que todos participavam e mais importante: estavamos juntos.



Kelly Agote Medeiros - Arquivologia - Saudade da minha Infância
Lembro sempre da minha infância com saudade, pois fui criada com meus avós maternos e sendo assim, fui muito mimada e tenho várias histórias pra contar.
Lembro-me de uma em especial, entre tantas outras que vivi, onde minha avó se levantava ás 3:30 horas da manhã, todos os dias pra arrumar sua marmita, pois trabalhava na roça na colheita de café, amendoim, algodão ou qualquer outro da época.
Ela fazia a comida e assim que estava pronta, ela nos acordava, digo nos acordava pois era a mim e meu irmão, pra comermos com ela um simples arroz, feijão e ovo, pois era isso que tínhamos na maioria das vezes e quando tínhamos.
Simplesmente nos alimentava ás 4:30 da manhã e pra mim que era apenas uma criança de 8 ou 9 anos, aquilo me parecia absurdo, pois quem haveria de sentir fome a esta hora?
Muitos e muitos anos depois, entendo que esta era uma forma dela demonstrar seu amor e seu cuidado por nós, pois afinal no resto do dia ficaríamos sózinhos.
Hoje me lembro com saudade daqueles momentos e gostaria de poder ter aproveitado mais, pois quando se é criança não nos atentamos a pequenos detalhes e vemos algumas atitudes e situações como sendo desnecessárias ás nossas vidas e só quando nos tornamos adultos é que vamos nos dar conta de como isso esteve guardada em nossa memória e até hoje me pego pensando e até mesmo sentindo o cheiro e o gosto do arroz com feijão de minha amada avó.



Mariza Viana - Arquivologia - Comida Mineira
Em minas-gerais a tradição é o queijo e a goibada,doce de leite, desde pequena via meu pai e minha mãe fazendo saborosos doces e queijos; inclusive ele passavam para os amigos como prepará-los.
Quando eu morava em minas-gerais eu estava mais próxima desta tradição porque reuniamos entre famílias e amigos e cada um tinha especialidade em um prato como por exemplo o peixe assado e o pão de queijo.
Hoje já é mais difícil essa reunião familiar porque estamos longe da terra natal.
A comida de minas é maravilhosa e por isso tem edições especiais sobre esta comida tão saborosa.
Sinto saudades dessa comida que traz um doce sabor de recordações.Mas quando posso vou à minas-gerais degusto dos pratos que lá tem, e também trago alguns doces de lá como: doce de leite e goibada e algumas receitas específicas da culinária mineira.



Gabriel Oblasser - Arquivologia - Momentos Inesquecíveis
Na minha memória destacam-se dois fatos envolvidos com comida que certamente lembrarei até o resto da minha vida.
O primeiro vem da minha infância, quando eu sempre viajava para Jundiaí, pra casa dos meus avós. Sempre que chegava lá, minha avó de descendência espanhola me aguardava para juntos confeccionarmos pães. Todo o ritual de misturar os ingredientes, sovar a massa, passar no rolete e assar está fresco na minha memória. Fato este que não acontece a anos, devido a ruim situação de saúde que minha avó vem enfrentando.
O segundo fato ocorre todo final de ano. Todo dia de passagem de ano meu pai organiza um churrasco onde toda a família comparece. É talvez o único dia do ano em que todos se reúnem e onde você avista parentes que dificilmente vê, e todos se divertem trocando conversas e principalmente relembrando ocorridos.